Cafu, o capitão do nosso penta

Ele eternizou a mensagem “100% Jardim Irene”. Com esta frase estampada no peito da camisa amarela da Seleção Brasileira, Marcos Evangelista de Moraes, o Cafu, entrou de uma vez por todas para a história do futebol, erguendo o quinto título mundial da equipe mais vitoriosa em Copas do Mundo. O lateral direito é o recordista de jogos pelo escrete nacional, com 148 partidas disputadas. O início da carreira, entretanto, nada tem a ver com as muitas glórias acumuladas por Cafu durantes anos e anos de futebol.

 

Perseverar até o fim

 

Atuando pelo Itaquaquecetuba, da terceira divisão paulista, seria descoberto pelo técnico Cilinho, no ano de 1987. Por ele, Cafu foi levado ao São Paulo, mas chegou a ser reprovado quatro vezes. Outros grandes clubes, como Corinthians, Nacional, Portuguesa e Atlético Mineiro também não lhe deram oportunidade. Persistente, acabou como comandado de Telê Santana no São Paulo, em 1989.

Desde o início de seu período como jogador do Tricolor, que se estenderia até 1994, Cafu destacou-se pelo fôlego e pela velocidade invejáveis. Além disso, mostrou-se um atleta polivalente: foi improvisado como lateral esquerdo, volante, meia e até mesmo atacante.

O jogador foi reprovado em oito peneiras consecutivas.

A boa fase no Morumbi, onde foi bicampeão da Copa Libertadores da América e do Mundial Interclubes, rendeu-lhe uma vaga entre os selecionados de Carlos Alberto Parreira para disputar a Copa do Mundo de 1994, nos Estados Unidos, pelo Brasil. Apesar de ser reserva de Jorginho, jogou a decisão contra a Itália, após a contusão do companheiro de equipe aos 22 minutos de jogo, e foi um dos melhores em campo.

Sua primeira passagem no futebol internacional foi rápida. Em 1995, transferiu-se para o Real Zaragoza, mas ficou por poucos meses. Acabou negociado com o Palmeiras, fazendo parte da memorável campanha no Paulistão de 1996, que acabou com título alviverde. No ano seguinte, porém, voltaria ao exterior. E, desta vez, para ficar.

 

Época de Ouro

 

Contratado pela Roma, Cafu iniciou uma das melhores fases de sua carreira. Ganhou o apelido de “Trem Expresso”, nome usado pela torcida local em alusão à sua agilidade.

O período marcaria a consolidação do lateral como titular absoluto da Seleção Brasileira. A começar pelos títulos da Copa América em 1997 e 1999. Na Copa do Mundo da França, em 1998, foi contestado por parte da torcida brasileira, mas mais uma vez perseverou e provou que era o nome mais adequado para o posto. Ainda como jogador da Roma, ele disputou o torneio que o colocaria no ‘hall da fama’ brasileiro ao lado de outros quatro privilegiados: Bellini, Mauro, Carlos Alberto Torres e Dunga, os capitães da seleção canarinho, campeã em 1958, 1962, 1970 e 1994, respectivamente.

 

Regina, eu te amo!

 

Ao erguer a taça do Mundial de 2002, no dia 30 de junho, gritou em homenagem à sua esposa: “Regina, eu te amo!”. Na camisa, a frase ‘100% Jardim Irene’ mostrava que Cafu, mesmo no posto mais alto do futebol mundial, não esquecera suas origens humildes na periferia da zona sul paulistana. No embalo do título, o lateral foi transferido para o Milan.

No clube rossonero, acumulou glórias e boas atuações, sendo peça-chave de conquistas como o Campeonato Italiano de 2004 e a Liga dos Campeões de 2007, sobre o Liverpool. Não jogou a Copa América de 2004 pelo Brasil, mas disputou sua quarta Copa do Mundo dois anos depois, aos 36 anos de idade. Sua última partida pelo Milan foi contra a Udinese, em 2008. E não poderia ser diferente: goleada por 4 a 1, com o último gol marcado por Cafu.

*Narração: Michelle Giannella. Edição de áudio: Bruna Matos